Sentei-me num banco de jardim
À minha frente uma bela vista
A meu lado sentou-se um velho
Barba grande, maltrapilho,
Um boné de andarilho,
Olhar desperto e abatido.
Na mão trazia um livro, velho,
Páginas amarelas, capa preta
E um elástico encardido.
A principio senti-me incomodado
O banco era meu, e a vista só minha
Mas aos poucos senti simpatia
Havia algo nele que conhecia
Seria o aspecto descuidado?
Ou o ar melancólico que tinha?
Perguntei-lhe de onde era,
E da minha cidade disse
Ser, o sitio onde nascera.
Que fazia ou tinha feito?
[perguntei]
Aí sorriu e como se sentisse
A beleza dum momento perfeito
A sua vida me contou.
Tinha visto sete mares
Nadado em seis deles.
Fez dos continentes lares
Vestiu do lobo e cordeiro as peles.
Viajou por países que sabia de nome,
Sabia as capitais, viu obras de renome
E os olhos brilhavam, como brilhavam
Ao falar dos sitios que para trás ficaram.
Era sabido das artes de Engenharia
Computadores e Electrotecnia
Não que não soubesse,
Apenas não mostrava interesse.
Como me disse: "Há sortudos,
Os que fazem o que gostam.
Outros vivem presos, mudos
Para ter o que gostam!"
Perguntei então donde vinha a tristeza
Porque não sorria quando via a beleza
que diante de nós se espreguiçava?
Olhou para baixo, suspirou e disse:
"Nunca tive o que mais queria.
Os feitos, memórias, tudo o mais dava
Para ter nem que fosse por um dia."
E por fim avisou:
"Está na minha hora.
Não te esqueças,
O que vês teu, já eu chamei meu.
Saberás um dia que tu sou eu."
Agora vou embora!
P.S.: Esta é a versão soft.
A verdadeira versão está guardada!
terça-feira, 26 de junho de 2007
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2 comentários:
Palavras para que?!
Está muito bonito, subtil..suave até!
Continua a escrever...quem lê agradece!
Muito, muito bonito!
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