segunda-feira, 30 de abril de 2007

Acordar...

Que doce acordar
Ao teu lado
Como num sonho
Ver teus olhos brilhar.

E tão suave é o gesto
Da tua mente despertar
Tão lindo o olhar
Da tua boca a bocejar.

E o beijo que amanhece
Entre dois lábios dormentes
Mostra o sorriso que acontece
Com palavras entre dentes.

domingo, 29 de abril de 2007

Abraço

Hoje acordei sem saber onde estava
Teria dormido, ou simplesmente fugido?
Não sei, qualquer dia é um pesadelo
E o sonho nunca vivido.

E de repente levantei-me,
Percebendo que estava
Onde a memória me deixou.
No sitio onde a minha mente sonhou.

Como esperava nada mudou
A cama é a mesma
A noite passou
E só a dor continuou.

A dor que sente o corpo lasso
Começa no corpo
E acaba na mente
A falta de um abraço.

Olhando para trás

Olho para trás e sinto dúvida
Terá valido a pena?
Saber o que sei
Recordar o que vi

Estive longe, para lá do oceano
Dancei com mulatas, bebi rum
Fumei charuto Habano,
E vi o mar azul como nenhum.

Caminhei por ruas geladas
Senti o frio nórdico passar por mim
Procurei em todos os lados, mas
Em mais lado algum me senti assim.

Vi catedrais de Reis centenários
Passei por seus sonhos feitos cidade
Deslumbrei-me e apaixonei-me...
Ai, como gosto de sitios sem idade.

Neles caminhei como em tempos medievais
Imaginando-me de espada na mão,
Lutando a cavalo inimigos irreais.
Ogres, Bárbaros e um Dragão.

Perdi-me nas areias do deserto
Nelas vi o Sol nascer
Senti seu calor bem de perto.
E a cor laranja do dia a morrer.

Tantos sitios estive,
Tanto lugares conheci.
E em nenhum deles encontrei
Aquilo que nunca tive.

Um abraço terno
A loucura da paixão
E junto a seu peito
Descansar meu coração.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Tormento

Porque sou assim?
Será a solidão de afecto?
O amor e um tecto.
Tecto tenho e dispenso.
De que serve abrigo,
Se não tenho ninguém comigo?

Porque sou assim?
Directo?
Directo, não. Tristemente.
Sou inestético, infelizmente.
Tudo o que sou diverge,
Do que é belo, sábio e aceite.
Faz de mim o louco herege.

Algo em mim é estranho
Sou o maior, melhor
Muito porreiro, altamente...
Continuo sozinho estranhamente.
E não peço paixão,
Luxuria, perdição.
Peço um pouco de amizade
Para matar a solidão.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Tempo

O tempo passa
Como passa ele.
Ainda hoje era ontem
E ontem já foi amanhã.

Como era criança de manhã
Brincava sem pensar com o amanhã
E hoje já é tarde
E logo será noite.

E com o escuro vem o medo
Do tempo que passou
E acabou cedo

Da luz que se tornou
Negro
Da vida que passou cedo.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

O fim

O fim está próximo
Sinto-o nas minhas veias
Recordações, belas ideias
É o que levo certo.

Tenho a dúvida atormentada
A latejar na minha cabeça
Encontrarei a paz desejada
Ou o castigo que mereça

Agora é tarde
Já nada importa
Tudo o que levo
Passa pela porta

Levo as memórias do que vi
E as histórias que ouvi
Gargalhadas e sorrisos
A companhia de amigos

Deixo tudo o resto aqui
Os amores que não vivi
A indiferença que senti
E tudo o mais que sofri

Pois já nada me faz ficar
Nesta terra ao luar
Já basta deste frio ardente
De estar só e não ser contente.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Ódio

Odeio tudo
mesmo o nada
Odeio ter tudo
E sentir que nada tenho
Odeio o que visto
E sentir que não existo
Odeio o que sinto
E não sentir igual sentimento
Odeio o que faço
E todas as rotas que traço
Odeio como rio
Como sofro de coração vazio
E Odeio escrever
para falar aquilo que queria dizer

terça-feira, 17 de abril de 2007

Silêncio

Doce silêncio
Que adoças
O tempo amargo
De solidão

Silêncio
Que triste acompanhas
As dúvidas incómodas
Sem razão

Silêncio, amigo Silêncio
Porque me acompanhas tu
Nos meus dias de solidão?

Faz como todos
Vai, foge, corre!
Deixa-me à minha loucura!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Escuta-me

Ouve tudo o que sinto
O grito da minha alma
A tristeza do meu ser

Não te assustes
Nem tudo é mau
Acredita que há bondade

Lá bem no fundo
Onde a luz não penetra
Existe algo escondido

Não pode ser maldade
Ou todo eu seria Inferno
Talvez a razão deste Inverno.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Quente

Sinto-me quente
Rodeado desta solidão ardente
Não hávida que me acompanhe
Ou olhar que me apanhe

E imagino a mentira
Do calor que teria
Em paixões de poesia

E o dia seria Sol
Banhado pela chuva
A noite seria dia
Em tua companhia

Sonho

Fosse a vida um sonho
Com a certeza dofim
No inicio do dia

Fosse assim inconsciente
Sem escolhas inteligentes
Ou dúvidas prementes

Seria assim doce
Na memória do passado
Ou riso do mal sonhado

terça-feira, 10 de abril de 2007

Acordei...

Acordei

Pleno de sono
Com vontade de te ver
Miséria a minha
Descobrir
Um lugar vago a meu lado

Descobrir
Que em meu sonho ficaste
E num rude acordar perdi
Tudo aquilo que vivi

A doce caricia do teu toque
As palavras do teu olhar
Tudo isto se foi
No meu triste acordar

sábado, 7 de abril de 2007

Poeta

Quem são os poetas?
Seres míticos e mágicos
Criam mundos
Libertam pessoas.

Lutam pelo imaginário
A sua realidade
Lutam com vontade
pela sua infelicidade

Também eu quis ser poeta
Juntar palavras
Pintar sentimentos
Mas não.

Não está em mim navegar
Mundos perdidos
Amores rendidos

Não está em mim imaginar
Vidas iludidas
Sentimentos sem amar

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Cai a noite em Habana

Sinto sede, porque não estourar com a garrafa que o hotel "oferece" pela módica fortuna que paguei?
Bota! Abro uma garrafa de um añejo especial de Rón Matusálem...
- Hmmm, estou na terra do rum, a beber rum importado! Mas o que interessa é mesmo alegrar um bocado mais o ambiente.
Deito meio copo e com a garrafa de cola comprada no dia anterior encho o resto. Viro-me de novo para a janela e enquanto sorvo uma farta golada não consigo deixar de pensar como aquela paisagem é linda!
Simplesmente perfeita. Ao olhar pela janela sinto-me um astronauta que vê a Terra do Espaço, creio ser algo parecido... em menor escala.
Nisto sinto um barulho à porta e quando me viro, eis que encontro a empregada.
- Hola Señor! Español? Gringo?
- No, soy Portugues. Lo conoces?
- Si, cerca de España, verdad?
- Si, mismo al lao. - digo eu tentando imitar o sotaque cubano.
E foi-se aproximando-se reparando a confusão que deixei no quarto enquanto se preparava para deixar as toalhas lavadas.
A dada altura os pensamentos correram à velocidade da luz e pensei ouvi-la a pedir-me a toalha que me escondia as "miudezas".
Dei comigo a pensar que ela muito sensualmente ma tirava enquanto se aproximava de mim. Hoje sei ter sido um pensamento, mas o seu cheiro a maresia... parecia-me tão real.
Estava já a imaginar o sabor daqueles lábios enquanto o seu calor me aquecia, ainda mais...
Os seus olhos verdes, deixavam-me extasiado. Duas esmeraldas cravadas numa pele macia como seda.
Apesar da altura ser a menos própria ou a mais estúpida, não pude deixar de a comparar a um estojo de pedras preciosas... aberto agora para mim.
Subitamente já só nos imaginava cobertos um pelo outro enquanto o Sol nos espiava sorrateiramente pela minha janela.
Imaginei-nos abraçados enquanto a noite ia caminhando a passos largos para o dia...
Mas não.
Quando despertei, já ela se encaminhava para a saída indo apenas a tempo de dizer um hasta luego.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Outra que me saiu...

Será a fuga o caminho?
Desaparecer da vista de todos.
Afinal, de que me serve ser visto
Se não sou sentido?