segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Encontra-me!

Gostava de não ter nada para escrever
Dias normais e iguais a todos os outros
Sem pensamentos, dúvidas, sonhos.
Gostava de nada ter para dizer.

E à luz deste desejo escusava de saber
escrever. Afinal qual é o escritor
contente? O poeta satisfeito? Toda a dor
que sentem, eu não quero saber.

Mas infelizmente sei-a. Faz parte de mim
Sem uma razão, mas todas as razões
Que fazem de mim…Este ser assim.
Um ser incompleto, triste e sem emocões.

Gostaria também de me compreender
Entender porque sou timido, porque amo
e sinto horror em o dizer. E porquê
esta insatisfacão que me mói e mata.

Por vezes culpo o dia em que nasci
O signo que me foi atribuído e a marca
dum caranguejo na minha vida.
É estupidez! Sei-o. A vida é minha.

Mas não deixo de pensar que por mais
forte que pareca, mais vazio me sinto.
Por maior e mais abrangente que esteja,
Tudo o que me preenche é o nada.

Todos os sitios onde estive, loucuras
que fiz, tudo o que experimentei…
a vida. Dava metade da vida que me
resta para a passar contigo.
Sejas quem fores, encontra-me!