quarta-feira, 6 de junho de 2007

Chatice

Escrevo sempre as mesmas palavras
As palavras são as mesmas sempre que escrevo.
Vira o disco e toca o mesmo.
A mesma música, as mesmas letras.

Que ignorância a minha
De saber o alfabeto
E não dominar o dialecto.
Que ignorância, não saber que a tinha.

Gostava de ter mil palavras
Mil palavras para mim
De uma pincelada de letras
Escrevia o mundo assim:

Mil litros, com mil litros mais
Formam a água, mares e Oceanos,
Inspira pintores, poetas e humanos.
Dá cor à vida de amantes e outros que tais.

De sedimentos, pequenos, grandes, imortais,
Nasceu a Terra, deserta, palete de cores.
De pintores, arquitectos, escultores
Fazem dela palco, luzes, amores irreais.

De desejo e coincidência,
Se fazem amores.
Uns libertos de dores.
Outros sem correspondência.

Mas todos belos,
Únicos sem excepção.
Todos belos,
Vazios de razão.

Mas pelas minhas palavras,
Pintadas duma palete que não tenho,
Não haveria tristezas nem lágrimas.
Não teria esta chatice que tenho!

1 comentário:

Anónimo disse...

gostei. você escreve que se farta!:)

beijinhos,
borbolletta*